Iron Woman | 1x07 - "Conspiração"


Uma obra de: Senhorita Stark
Inspirado em personagens da Marvel Comics


Ler no Google Drive / Baixar em PDF:


Tendo desenvolvido minhas primeiras habilidades de voo com o “esqueleto” da armadura, agora era hora de lhe dar a casca. Uma forma definitiva. As peças foram sendo depositadas uma por uma pelo meu corpo, através de braços mecânicos, respeitando seu formato e curvas. Meu traje de metal estava finalizado e atualizado. A armadura reluzia com as luzes das lâmpadas. Por fim cobri minha cabeça com o elmo.
— Jarvis, ativar monitor de alerta. – Coloquei a máscara e me senti entrando em um mundo virtual com dizeres e figuras luminosas. Vários números.
— Positivo, senhorita.
— Importar as preferências da interface.
— Sim, senhorita.
Meu sistema calculava distâncias e dava dados do ambiente ao redor à medida que eu olhava em volta.
— E aí?
— Programa carregado, senhorita. Tudo pronto, estamos online.
— Começando passeio virtual.
— Importando preferências e calibrando ambiente virtual.
— Cheque os controles.
— Como quiser, senhora.
Jarvis comandava o check-up, fazendo algumas peças da carcaça das botas se moverem para testar seu sistema, o mesmo movimento era visto em todo o resto de meu corpo, como se a pele da armadura tivesse ganhado vida. Os olhos da máscara emitiam uma luz branca. Meu “Homem de Ferro” da caverna tomou uma forma feminina ao emoldurar-se em meu corpo.
— Teste concluído, agora é só partir pra ação, Jarvis. Checa a condição meteorológica e tráfego aéreo.
— Mas, senhorita. Ainda faltam alguns outros Terabytes de cálculos antes de se realizar uma manobra de voo...
— Jarvis, ás vezes você tem que aprender a correr, antes de aprender a andar. – Disse com uma confiança absurda.
— Três, dois, um lá vai!! – Eu mirei meu olhar para a saída do estacionamento/ oficina e novamente me coloquei na mesma posição dos treinos anteriores. Os braços esticados para baixo e os propulsores acionados ao máximo nas botas, como um foguete. Saí do solo e alcei voo, saindo do recinto e voando para a liberdade.
— UHUUUUUUL. – Eu vibrava dentro da armadura. Nunca imaginei voar desse jeito em todos os meus anos na aeronáutica americana.
I'm like a bird
I'll only fly away
I don't know where my soul is
I don't know where my home is
Voei cada vez mais alto até atingir determinada altura então virei e voei para além das redondezas da minha casa. Estava me divertindo muito. Avistei um parque de diversões e olhei para uma montanha-russa em movimento, Jarvis me passou uma lista de dados rolando pela tela. Alguns olhos devem ter visto algo voando no céu bem perto, mas provavelmente as mentes deveriam estar ocupadas demais para definir o que era. Talvez apenas um avião.
Saí voando por mais alguns metros pela cidade, até que decidi alçar voos mais altos e a partir de determinado ponto resolvi ousar. Até ultrapassei as nuvens.
— Vamos testar isso aqui, J. Qual é o recorde de um SR-71?
— 85 mil pés, senhora.
— Então, vamos quebrar. – Eu fitava a lua enquanto subia e subia, como se eu estivesse indo para ela, me sentia invencível até que cristais de gelo começavam a se formar, eu os via pelo visor da máscara.
— Senhora, leve em conta que devido à altitude poderá ocorrer um congelamento perigoso na superfície do traje...
A camada de gelo começou a atrapalhar minha visão, mesmo assim eu segui voando até determinada altura onde o sistema falhou de repente, algumas faíscas saíam das botas e tudo se apagou de repente. Caí em queda livre.
— Ahhhhhhhhhh... – Gritei em desespero e fui remexendo as pernas e braços. – Jarvis, socorro, congelou tudo, ativar flaaaaps.
Ativei um dispositivo, que havia na coxa, que ativou novamente a armadura, livrando-se do gelo de uma vez por todas. Senti um alívio imenso quando vi novamente as letras luminosas, o som do sistema ativando e a voz de Jarvis. Retomei novamente o voo antes de cair em uma rua movimentada, eu ria alto dentro da armadura, ria de nervoso com toda aquela adrenalina correndo em meu sangue. Eu era uma garota voadora num traje metálico, me sentia o máximo, como em um desenho japonês. Mesmo que não fosse exatamente igual à um mobile suit que eu assistia quando criança eu me sentia como uma realizando seu sonho. Resolvi parar para que meu brinquedinho favorito não chamasse mais atenção do que devia, provavelmente iriam me confundir com um OVI e ninguém mais além de mim conhecia essa nova tecnologia. Aterrissei no telhado e o mesmo acabou cedendo, me fazendo cair em cima de um de meus carros. Coisinha veio prontamente e me deu um jato gelado no rosto e depois no corpo inteiro.
Diante da vista do oceano, da janela do meu quarto, eu segurava uma pequena taça com uma bebida e azeitona imersa com a mão direita, a esquerda segurava uma bolsa de gelo depositada sobre minha cabeça. Eu vestia um roupão. Um risco flamejante cortava os céus e na mesma hora que vi ele se aproximando em minha direção eu deixei os objetos em um criado mudo e abri a janela esboçando um sorriso de canto. Ele pousou assim que fechei a janela.
— Que milagre o traz aqui, mocinho? – Respondi virando me para ele de forma lenta e felina.
— Sabe que não precisa de milagre para que eu venha aqui, mocinha. – Ele se sentava na cama. Trajava seu uniforme azul do Quarteto. – O Reed me disse que chegou uma coisinha lá no edifício, aí quando vimos acreditamos que era seu. Era um troço redondo e azul com um núcleo e uns troço de metal.
— Por acaso a Pepper mandou aquilo pra lá?
— Ela disse que talvez seja mais seguro guardar por lá.
— Por que ela não incinerou?
— Eu não sei se ouvi bem a conversa entre ela e o Reed. Mas acho que ela disse que aquilo era a prova de que você tem um coração.
Engoli em seco. Pepper era e sempre foi muito fofa, em seu jeitinho e aparência. Me ajudava muito em casa e no trabalho. Não sabia por qual motivo ela tinha guardado, mas nem me importei com aquilo na hora. Um dia eu saberia.
— Certo, creio que não veio aqui somente para me dizer isso, não? – Sorri de canto, olhando pra ele.
— Tem mais alguém em casa? O seu Jarvis e a Pepper estão...hum.. ocupados? – Ele me olhou com aquele sorriso que só eu sabia o significado.
Ordenei Jarvis que isolasse meu quarto, principalmente de ruídos. Johnny não perdeu tempo e se aproximou mais, tomando meus lábios com certa euforia. Eu pousei minha mão direita em sua nuca, correspondendo o beijo. Eu não ligava nem um pouco com quantas garotas ele já havia se deitado e ele o mesmo. Tinhamos uma amizade regada a sexo que não misturava as coisas, como as pessoas geralmente fazem. Pelo menos da minha parte eu mantinha as coisas assim. Johnny foi para trás e beijou minha nuca e costas, foi quando começamos a nos despir e tocar e beijar o corpo um do outro. Com o quarto isolado acusticamente, podíamos gemer à vontade sem que o resto da casa ouvisse.
...
Afeganistão.
O lugar era iluminado por apenas algumas lâmpadas fluorescentes e homens do grupo terrorista ainda analisavam as peças da armadura construída por Natasha Stark na caverna, bem como alguns papéis com o esquema. O homem careca fitava a máscara da armadura, como alguém vendo o carro que quer comprar na vitrine de uma concessionária.
...
Na tela do computador surgia o desenho do elmo da versão definitiva da minha armadura. A obra prima final após as primeiras duas versões, ou melhor, meu penúltimo trabalho atualmente. Um engenheiro sempre deve pensar em como melhorar mais e mais seu trabalho, foi uma das coisas que aprendi no M.I.T. e com meu pai.
— Nota mental e para anotar numa folhinha: O transdutor principal fica lento á quarenta mil pés de altitude. Essa pressurização é um problema, e o gelo é o principal fator. – Eu falava cercada por quatro monitores de computador.
— Ótima observação. Se acaso estiver planejando visitar outros planetas poderíamos fazer umas adaptações no exosistema.
— É, mas infelizmente não pertencemos ao universo de Star Wars e nem de Star Trek. – Eu disse rindo. – Agora vem uma das minhas partes favoritas. Jarvis, faça o sistema reconfigurar os metais da armadura. Use a liga de Titânio e Ouro do satélite tático. Isso vai ajudar a manter a integridade da fuselagem e a proporção energia-peso.
— Revisar utilizando as últimas especificações propostas?
— Faz sim.
A Tv então mostrava uma reportagem sobre um evento beneficente no Disney Concert Hall, com direito a tapete vermelho. Era o terceiro baile beneficente que eu financiava pelas famílias dos bombeiros que sempre reunia a alta sociedade. Na mesma hora a intuição começou a me alertar novamente. Eu não havia recebido nenhum convite e ligando os fatos, constatei que eu andava ausente demais de tudo quanto era evento externo relacionado a minha empresa. Já estava mais do que desconfiada.
— Jarvis, fomos convidados?
— Não recebemos nenhum convite, senhora.
A mulher continuava falando sobre o fato de eu não dar mais as caras em eventos nenhum desde a coletiva de imprensa, julgada polêmica. Eu julgaria meu estresse pós traumático como um despertar. Esbocei um sorriso de canto e provocativo quando a mulher disse que duvidava da minha presença no evento daquela noite.
— Senhora, renderização concluída. – O sistema mostrou a armadura pronta, toda pintada em dourado.
— Ostentação demais. – Protestei.
— Pensei que gostasse de aparecer.
— Desta vez não. – Tomava um suco verde e guardava o copo de lado.
— Pinta algumas partes de vermelho-vivo. – Eu sugeri após olhar para um de meus carros.
— Sim, senhora. Para ajudar a ser mais discreta.
— Renderização concluída. – Jarvis terminou a pintura em pouco tempo, revelando o novo visual vermelho e dourado da armadura na tela do computador.
— Ahh, perfeito. Faça tudo e manda ver, Jarvis.
Jarvis começou imediatamente a montagem e customização. Ficaria pronta num período de cinco horas. Tempo o suficiente para mim. Peguei meu carro e dirigi ferozmente, os motores a todo vapor. Estacionei e fui bem recebida na entrada do evento. Eu estava com um vestido vermelho, como o que ficaria em minha armadura e meu cabelo estava ondulado. Obadiah dava uma entrevista novamente falando sobre a indústria de armamento O mesmo virou-se surpreso assim que me viu avançando pelo tapete vermelho. As pessoas dizendo meu nome e as câmeras disparando em minha direção. Fui cumprimentando alguns na minha frente até que cheguei nele.
— Por que eu não fui convidado para minha própria festa, hein? - Disse como se estivesse brincando. De cara percebi um leve constrangimento nele, embora ele soubesse como disfarçar com maestria em umas risadas. Minha desconfiança só aumentou.
— Ah você aqui? Que surpresa.
— É. Eu vou entrando. – Respondi meio seca.
— Ah, e vá com calma, eu acho que estou conseguindo manter o conselho onde queremos.
— Tudo bem, eu cansei de ficar em casa. Preciso relaxar. - Eu fui andando com pressa. – Só vou ficar por alguns instantes.
Adentrei o salão com uma decoração de gala, flores nas mesas, muita gente da alta sociedade com suas roupas de grife e efeitos de luz. Eu logo pedi um Whisky, ao chegar ao balcão. Uma voz conhecida chegou aos meus ouvidos.
— Srta. Stark?
Eu o reconheci, era o agente que esteve na minha coletiva de imprensa. Agente Coulson da agência de nome comprido e enrolado que eu mal tinha paciência para decorar. Ainda bem que ele sabe que todos acham o nome grande.
— Sei que não é uma boa hora, mas precisamos interrogá-la. Ainda há questões a serem analisadas e o tempo é importante. Precisamos agendar um dia para...
— Senhorita Stark...
E novamente ela surgiu, a repórter Christine me abordou na festa, incisiva como sempre. Os cabelos louros dela presos e o vestido preto. Revirei os olhos antes de me virar para ela num sorriso forçado. Eu via em seus olhos um desejo incontrolável de me perturbar e me fazer passar ridículo nas matérias.
— Eu falarei com minha secretária e agendarei um tempo, tudo bem? – Pedi licença á Coulson e me virei para ela.
— Quem diria te encontrar aqui, Natasha.
— Eh... Cat...Catherine? – Passei uns dois segundos tentando me lembrar de como era o nome dela, balbuciando algumas sílabas e girava a mão direita no ar.
— Christine. – Ela corrigiu e eu meneei a cabeça positivamente, dando um riso baixinho. – É muita cara de pau aparecendo por aqui quando sua empresa está envolvida em mais uma atrocidade. Eu quase acreditei em você, que ingênua.
— Eu fiquei fora por meses...
— Isso é o que chama de responsabilidade? – Ela aumentou o tom de voz visivelmente indignada com algo e me deu algumas fotos de uma cidade destruída. – É uma cidade chamada Gulmira. Já ouviu falar?
Eu simplesmente congelei ao ouvir a palavra Gulmira, Yinsen havia me falado que essa era a sua cidade natal e agora senti como se meu coração tivesse sido pisoteado. Olhei da primeira foto para os olhos acusatórios dela com a expressão num misto de seriedade e raiva. Fui passando as fotos, de uma com um cavalo morto até outras em que o selo das Indústrias Stark nos equipamentos bélicos cor de oliva acinzentado.
— Quando foram tiradas? – Perguntei com a voz quase sussurrante devido ao choque.
— Ontem, senhorita Stark.
— Mas quem aprovou? – Questionei já sentindo o sangue subir.
— Sua companhia.
— Eu não sou minha companhia. – Protestei e me virei em direção à porta, mas antes virei o rosto para Christine, afirmando com todas as forças. – E eu vou resolver essa merda.
Eu saí à passos largos e fortes, minhas pisadas chegavam até a produzir sons. Passei por Obadiah com as fotos em minha mão direita, que as pressionava com certa raiva. Ele me chamou para tirar umas fotografias e depois eu o chamei em particular, perto de meu carro.
— Você viu essas fotos? – Estendi as para ele. Meu olhar sério e minha voz soando quase rouca.
— Tasha, não podemos ser mais tão ingênuos...
— Não! Eu fui ingênua ao pensar que não haviam limites a serem ultrapassados. Isso é loucura, Obadiah e quero pôr um fim nisso. – Rangi os dentes, o encarando nos olhos. – É assim que fazemos negócios? Jogando sujo?
Obadiah estava de lado, ergueu a cabeça, respirou fundo, me encarou e disse sem a menor cerimônia
— Quem você acha que afastou você da jogada? Fui eu quem pedi seu afastamento, para te proteger.
Se antes disso algo já me dizia, e eu já sentia que estava diante de um inimigo, com aquelas palavras eu tive a confirmação. Todo esse tempo convivendo com ele como se ele fosse meu pai, substituindo o meu velho Howard Stark, e nem desconfiava um segundo que eu vivia em um ninho de víbora. Toda minha vida até então parecia ser uma ilusão, eu vivia no luxo e com tudo do bom e do melhor enquanto inocentes perdiam a vida pelas armas que eu criava. Naquela hora eu seriamente cogitei a voltar para a força aérea e retomar meus trabalhos como capitã, mas sabia que não podia largar o trabalho da vida de meu pai, arriscando que tudo caia nas mãos erradas mais uma vez. Além de arriscar minha vida e a de meus colegas de trabalho com as armas Stark nas mãos de possíveis inimigos, eu ficaria com a fama manchada e não podia permitir que me humilhassem desse jeito como mulher.
Não haviam mais lágrimas em meus olhos, elas deram lugar ao ódio e à vontade de justiça. Eu o encarei com a mais absoluta raiva em meus olhos.
— Acho que agora é você quem terá que se proteger de mim. – Eu disse com a voz rouca, abri a porta e entrei no carro, seguindo direto para casa.
Para piorar meu estado emocional, liguei a TV. A mesma passava uma reportagem em Gulmira, onde famílias eram obrigadas a se moverem para longe de suas terras em uma triste descida para o inferno, tendo que se abrigarem em outros locais. Aqueles ratos dos Dez Anéis pareciam estar cumprindo sua “profecia” a qual eu ouvi com nojo. Conquistar mais e mais territórios utilizando o que havia de mais moderno na engenharia militar. Uma missão fatal para quem cruzasse seu caminho.
Usando uma blusa branca de manga curta e calça legging preta com uma faixa lateral da cor vermelha nas coxas, eu estava sentada na poltrona, testando os movimentos da manopla, com a fuselagem pintada em vermelho. Realizava movimentos com os dedos, ajustando com uma chave de fenda que larguei ao me levantar e, sob o som do noticiário descrevendo os horrores, resolvi testar o poder de fogo da manopla em algum lugar qualquer da oficina.
Eu mirei em uma lâmpada fluorescente que se despedaçou ao ser atingida pela rajada de energia. Minha raiva foi só aumentando conforme ouvia a mulher afirmando que não existia nenhuma pressão internacional para confrontá-los. Mirei novamente nos espelhos, atingindo-os e despedaçando-os. Me virava graciosamente entre eles, disparando os raios de energia. Sorri de canto, aquela era a minha nova eu.
Prendi meus cabelos em um coque alto, vesti uma roupa preta protetora que desenvolvi para pôr por baixo da armadura. O brilho do reator emanava de meu peito. Determinada, eu subi na plataforma numerada com o sistema cartesiano em sua superfície. O chão se abriu sobre meus pés e apenas deixei os braços mecânicos, que surgiam de dentro, encaixarem as peças da armadura uma a uma pelo meu corpo. Desta vez a armadura projetada por mim e Jarvis encaixava-se em meu corpo, respeitando cada centímetro e curvas femininas, principalmente nos quadris. E por último veio o elmo, cobrindo a cabeça e a máscara metálica desceu, ocultando meu rosto.
Uma nova mulher havia nascido dentro de mim, como Peggy me disse, e agora acabara de ganhar forma ao vivo e a cores. Saí voando a uma alta velocidade pelos céus em direção ao Afeganistão, traumas existem para serem enfrentados, não é mesmo?


CONTINUA...

Comentários