Secret Key | 1x05: "Suspects, Part One"


Uma obra de: Troye Spears

            FADE IN.

            CENA 01. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Diana sentada em uma cadeira e David em pé.

            DIANA - Precisamos de Carl aqui novamente. Vou lhe ensinar uma coisa: mantemos o principal suspeito sempre falando. Chegará um momento que ele se enredará nas próprias mentiras. Se ele for realmente o assassino, descobriremos.
            David pega o celular e mexe no mesmo.
            DAVID - Foram encontrados fios de cabelo na gola do terno.
            DIANA - Interessante. De que cor?
            DAVID - Morenos e ruivos.
            DIANA - Hum… Muito interessante. Excluindo-se Daniel e Carl, todos são morenos. Exceto Anna, que é ruiva. Daniel e Carl são mais loiros, ou um castanho bem claro.
            DAVID - Sim…
            DIANA - Bem, chame o Carl.

            CENA 02. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Em alguns minutos, Carl sentado em frente à Diana. David com um bloco de anotações e uma caneta nas mãos, encostado em uma escrivaninha. 

            DIANA - Precisamos de um depoimento seu, sr. Tess.
            CARL - Claro. Estou preparado.
            Carl está um pouco apreensivo e aparenta estar um pouco nervoso. Diana põe um gravador em cima de uma mesinha ao seu lado e o aciona.
            DAVID - Tudo o que você falar aqui pode ser usado contra você no tribunal.
            Diana olha repreensiva para David.
            DAVID - Desculpa. Eu sempre quis dizer isso.
            Diana balança a cabeça negativamente.
            DIANA - Se quiser falar somente na presença de um advogado, o senhor está livre.
            CARL - Não. Posso falar assim mesmo.
            DIANA - Ok. Preciso que me conte tudo o que aconteceu após o jantar.
            CARL - Bom, após o jantar conversamos e em seguida minha esposa subiu, pois estava aborrecida. Então, eu subi logo depois, quando o sr. Charles estava indo embora. Nós tivemos uma pequena discussão e eu saí para refrescar a cabeça. Dei uma volta na beira do lago. Quando voltei fui pra meu quarto. Anna estava em um sono pesado. Deitei-me e dormi.
            DIANA - Pode me dizer com que roupa estava?
            CARL - Eu estava utilizando um terno azul, mas antes de sair, eu troquei de roupa. Pus um terno cinza, que é mais quente, e como estava frio, decidi o pôr.
            DIANA - Muito bem. Na noite anterior, soube que você teve uma conversa um pouco violenta com a srta. Camilla.
            CARL - Não foi nada demais. Foi apenas um pequeno desentendimento, mas nada demais.
            DIANA - Qual o motivo do desentendimento?
            CARL - Ela era uma mulher um tanto antiquada, gostava tudo certinho de sua própria maneira. Discordamos em um fato e a gente teve a discussão, mas nos despedimos amigavelmente, sem ressentimentos. Ela adorava me dar sermões.
            Carl sorri de canto.
            DIANA - Bem… as suas impressões digitais foram encontradas no taco de beisebol. Pode nos explicar isso?
            CARL - Claro. Eu mexi nos meus tacos ontem, estava dando uma olhada. Inclusive peguei em um deles e andei com ele até o quintal à tarde, pois estava pensando em treinar um pouco. Já faz um tempo que não jogo. Mas como não tinha ninguém disposto a jogar comigo e não estava com muito ânimo mesmo, optei por guardá-lo.
            DIANA - As suas digitais são as últimas e únicas no taco. E ele foi utilizado para o golpe em Camilla…
            CARL (exaltado) - Mas alguém não poderia ter utilizado luvas? Eu nunca mataria a minha mãe!
            DIANA - Se tivessem utilizado luvas, ao menos suas digitais estariam borradas, o que não é fato.
            CARL - Não pode ser! Eu nunca a mataria!
            DIANA - E como o senhor nos explica as manchas de sangue nas mangas do seu terno azul?
            CARL - Manchas de sangue?! Do quê estão falando?!
            Carl põe suas mãos na cabeça, atordoado.
            DIANA - Você poderia matá-la por estar precisando do dinheiro…
            CARL - Minha conta bancária está em perfeito estado! Liguem para meu gerente bancário, se querem tirar suas dúvidas.
            Carl faz a ligação.
            CARL (ao telefone) - Aqui é o Carl. A polícia esta aqui e precisa saber sobre o estado da minha conta, pode falar tudo.
            Carl passa o telefone à Diana, que ouve atentamente à tudo que o gerente fala. Ela desliga o celular e o entrega à Carl.
            DIANA - Parece que está tudo ok.
            CARL - Viu? Estou falando a verdade!
            DIANA - Isso não prova que o senhor não tenha dívidas ou esteja envolvido com extorsão e que precise do dinheiro.
            CARL (grita) - Isso é um absurdo! Não tenho como provar mais nada à vocês. Isso parece uma armadilha, estou encurralado.
            DIANA - O senhor está dispensado. David, traga Anna. Carl, o senhor está terminantemente proibido de se comunicar com sua esposa até que ela saia da biblioteca. Entendido?
            CARL - Ok.

            Carl se retira junto à David. Em instantes, David estava de volta, entrando com Anna, que se senta na cadeira em frente à Diana e elas começam a conversar. (ÁUDIO ABAFADO)

            CENA 03. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Diana observa Anna, que agora está calada.

            DIANA - Muito bem, mas e a sua discussão com Carl? O que a motivou?
            ANNA - Eu até poderia esconder de vocês, mas vou falar porque uma hora ou outra vão descobrir mesmo. Nossa briga foi causada pelo fato de o Carl estar a todo instante paparicando e elogiando aquelazinha e a mim não estar dando atenção.
            DIANA - Você se refere à Katy?
            ANNA - Essa vaca mesmo!
            DIANA - Modos, por favor.
            ANNA - Modos, o caralho! Essa quenga está acabando com meu casamento e eu tenho que ser educada?! Vontade de mandar todo mundo à merda nessa porra.
            DIANA - Isso pode ser considerado desacato à autoridade.
            ANNA - Relaxa, já tô com a merda até o pescoço. Um processo e uma prisão me livra dessa gente.
            Diana olha para David.
            ANNA - Pra começar com a merda toda, essa quenga persuadiu meu marido e o induziu a vir pra esse moquifo na mesma época que ela! Carl pensa que foi tudo ideia dele… ingênuo! Mas sei que não foi. Ele nunca pensou em tal coisa, até encontrá-la certo dia, quando ela tentou persuadi-lo desta ideia, fazendo-o acreditar que fosse sua. Ele pensa realmente que foi ideia dele, mas posso ver a mão da vagabunda suburbana por trás disto tudo.
            DIANA - E por que ela faria isso?
            ANNA - Porque quer ele novamente! Não é óbvio? Ela vem provocando meu marido desde que chegamos. Ela sabe como parecer patética e ser uma vagabunda ao mesmo tempo.
            DIANA - Ok. Lhe fiz todas essas perguntas principalmente pelos 180 milhões de dólares que Camilla deixou de herança.
            ANNA (surpresa/sorrindo) - Tudo isso?
            DIANA - Sim… me diga uma coisa… o que você sabe sobre a herança?
            ANNA - O que sei é que ela deve ser repartida entre Carl e sua esposa. No caso, eu. Não que eu esteja feliz com a morte da velha. Por mais que eu não gostasse dela, pelo fato de ela não ir com a minha cara, não ficaria contente com a morte dela, ainda mais sabendo que eu sou suspeita de matá-la.
            DIANA - Ok. A senhora está dispensada.
            Anna deixa o cômodo.
            DAVID - O que achou dela?
            DIANA - Nada delicada, porém parece ser verdadeira, com esse jeito meio doido. Chame Susan, por favor.

            CENA 04. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Susan sentada em frente à Diana. Depois de uma longa conversa, Susan a questiona.

            SUSAN - Mas por que acha que foi alguém desta casa? Não poderia ser algum estranho?
            DIANA - As circunstâncias impossibilitam que seja alguém de fora, Susan.
            SUSAN - Mas o Carl nunca mataria Camilla. De maneira alguma!
            DIANA - Mesmo que por dinheiro?
            SUSAN - Tenho total certeza de que a última coisa que Carl pensa ou necessita é dinheiro.
            DIANA - Mas e Anna? Soube que ela é bem compulsiva quanto à compras.
            SUSAN - Pois é… mas acho um absurdo. Acho que não foi ninguém daqui de dentro.
            DIANA - Você soube que foi beneficiada com a herança?
            SUSAN - Não sabia.
            DIANA - Uma considerável quantia em dinheiro, senhorita.
            SUSAN - Sério? Eu já imaginava que ela me deixaria alguma coisa.
            DIANA - São 20 milhões.
            SUSAN - Nossa! Isso é muito dinheiro! Não imaginava nem que me deixaria 20 mil. Meu Deus!
            DIANA - A senhorita está dispensada.
            Susan deixa o cômodo.
            DAVID - E então?
            DIANA - Bem, ela confirmou tudo o que já havia sido dito e parece não saber da alta quantia da herança. Mas podemos duvidar. Chame Katy.

            CENA 05. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Katy sentada na cadeira.

            DIANA - Muito bem. Desculpe-me intrometer-me em sua vida, mas por qual razão você veio à mansão de Camilla?
            KATY - Bem… eu sempre venho nesta época do ano. Inclusive Carl me encontrou um dia e propôs de virmos na mesma época. Perguntou se eu me incomodaria e eu disse que de maneira alguma iria me sentir incomodada com isso.
            DIANA - Hum… Foi você que pediu o divórcio?
            KATY - Sim.
            DIANA - Você gosta de Anna?
            KATY - Sim, acho ela linda inclusive. Mas acho que ela não gosta de mim.
            DIANA - Ok. Está dispensada.
            Katy vai até a porta e, hesitando, vira-se.
            KATY - Sei que acham que Carl a matou por dinheiro, mas estive casada com ele por anos e tenho total convicção em dizer que ele nunca se importou com o dinheiro, muito menos mataria por ele. Carl é ingênuo e indefeso, apesar de inteligente. Sei que minha opinião não vale de nada, mas é isso.
            Katy retira-se.
            DAVID - Nossa. Como ela é apagada. Sem emoção alguma.
            DIANA - Isso é o que demonstra. Acredito que tenha outra por dentro…
            DAVID - Chamo quem agora?
            DIANA - Theo.

            David retira-se e em pouco tempo já está com Theo no cômodo.

            CENA 06. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Após uma longa conversa, Theo entediado olhando para a janela da rua.

            DIANA - Bem, antes de liberá-lo, preciso que me diga algo: você acha que Carl matou Camilla?
            THEO - Sinceramente, creio que não. Ele já nos contou o que houve aqui e por qual motivo acham que ele a matou, mas tenho outra suspeita. Mesmo assim, creio que ela não o faria.
            DIANA - De quem você suspeita?
            Theo fica em silêncio.
            DIANA - O senhor tem o dever de nos ajudar na investigação.
            THEO - Com provas concretas, não com apenas uma ideia da minha cabeça.
            Theo levanta-se e deixa o cômodo.
            DIANA - Muito intrigante…
            DAVID - Theo é amigo de Katy. Não estaria ele protegendo a amiga?
            DIANA - Não só amigo. Creio que ele seja apaixonado por ela. Tenho quase certeza. Pode ser, David
            David recebe uma ligação e atende, deixando o cômodo. QUando volta, aparenta uma face surpresa.
            DAVID - Escute-me… 
            (ÁUDIO ABAFADO)

            CENA 07. MANSÃO DE CAMILLA TESS. BIBLIOTECA. INT./TARDE

            Carl adentra o cômodo, aparentando estar totalmente preocupado e assustado, pálido.

            DIANA - Carl, você tem algum inimigo? Alguém que odeie você?
            CARL - Creio que não.
            DIANA - Pense, Carl.
            CARL - Acho que ninguém me odeie.
            DIANA - Pense mais, Carl. Preciso que pense.
            Depois de alguns segundos de silêncio, Carl fala novamente.
            CARL - Theo parece não gostar da minha presença.
            DIANA - Além de Theo… outra pessoa.
            Após mais alguns segundos em silêncio…
            CARL - Katy. Pode ter ficado magoada com toda a nossa situação no passado. Eu a magoei. Mas não parece estar. Ela é tão amável comigo.
            DIANA - Você acaba de se safar de uma acusação de assassinato.
            CARL - Como assim?!
            DIANA - Como eu suspeitava, o taco nunca foi a arma do crime. Ela foi implantada pelo assassino para levar-nos à você. Carl, você é inocente.
            CARL - Katy é a assassina?!

            FADE OUT.

CONTINUA...

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