Iron Woman | 1x01 - "Prólogo" [SERIES PREMIERE]


Uma obra de: Senhorita Stark
Inspirado em personagens da Marvel Comics



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24 de dezembro de 1948 - 23:50 pm
Nova York - E.U.A.
Peggy Carter estava de volta à uma gelada Nova York dominada pela neve do inverno, após a árdua missão de resgatar Howard Stark, sequestrado pelo general Kaiser em parceria com uma estranha entidade alienígena. O intuito era que o milionário construísse um novo núcleo de energia para o robô registrador Rigeliano 451, como o núcleo que ele havia roubado de outro planeta, já que o pequeno dispositivo somente podia ser utilizado por indivíduos do sexo feminino. Voluntariando-se para ajudar os terráqueos a pôr fim aos planos dos dois, uma Rigeliana veio à terra infiltrar-se entre os humanos para poder utilizar o núcleo original contra o androide, derrotando-o no final. Seu nome terráqueo passou a ser Sibila, devido ao seu poder de clarividência, responsável por fazê-la prever a chegada de 451 na terra. Tal tecnologia daquele núcleo, interligada com os cromossomos de seu portador, intrigou Howard Stark profundamente. E como um bom amante de tecnologia e visionário, ansiava por conhecer mais sobre o "Olho de Bellatrix".
Stark adentrou a sala de leitura, onde Peggy lia novamente o longo relatório da missão. Sempre com aquele sorriso galante combinado com o bigode. Ele segurava uma taça de vinho escocês; resolveu dar uma grande festa de Natal em sua mansão para os amigos, só não esperava que ela mergulhasse de repente naquele relatório.
— Falta só 10 minutos para o Natal e você ainda lendo esse relatório, Peg? – Protestou Stark, brincalhão brandindo um pouco a taça.
— Como consegue ter pique para uma festa pouco tempo depois de ser resgatado de um sequestro?
— Sabe como é, né? - O sorriso dele se alargou – É Natal e não posso deixar as mulheres decepcionadas.
Peggy balançou a cabeça negativamente, mas não pode deixar de rir baixinho.
— Sério, Peg. Hora de alguns momentos de férias, não acha?
— Tem razão, Howard. - Peggy dava uma última olhada para os papéis e depois para o relógio, então a morena levantou-se, abriu uma gaveta e depositou o relatório lá.
— Peg... - Howard disse pensativo, remexendo levemente a mão esquerda no bolso de seu paletó.
— Já estou indo, Howard...
Carter quase caiu para trás quando Stark retirou de seu bolso o Olho de Bellatrix, brilhando intensamente em lilás.
— O que isso está fazendo com...
Stark a silenciou com um dedo nos lábios.
— Eu sei, é um objeto perigoso. Mas...
— Mas nada... O que nós falamos sobre a humanidade ainda não estar preparada para um poder desse?
— Eu sei, Peg, mas é que eu não consigo resistir a uma novidade científica quando aparece e isso é revolucionário.
— Howard, você se esqueceu de todos os problemas que tivemos, por causa de suas invenções? - Peggy se arrependeu do que disse na mesma hora quando o olhar pesado de Howard lhe atravessou. - Desculpe...
— Tudo bem... - Stark ficou sem graça.
Então uma figura feminina trajando um vestido vermelho de mangas compridas e gola fechada os interrompeu timidamente com sua voz melodiosa.
— Com licença... - A ruiva pediu a vez da fala. - Agente Carter... eu mesma concedi permissão ao S.r. Stark para que fosse o guardião do Olho de Bellatrix. Pelo menos até que alguém digno possa utilizá-lo.
— Como tem certeza de que ele estará a salvo aqui na terra, Sibila? - Indagou Carter.
— Esqueceu que tenho poderes clarividentes? Por isso colocou esse nome terráqueo em mim. - A ruiva sorriu.
— Então o que viu era bom. - Peggy pensava no que ela poderia ter visto, mas ao olhar para o relógio e ver que já eram 23h 57min, evitou perguntar do que se tratava. - Não é?
— Sim.
— De acordo com a visão, o Olho de Bellatrix será a chave para o futuro, e que por isso deve ficar comigo. - Esclareceu Stark.
— Por favor faça bom uso desse artefato, Howard. – Pediu Peggy. – Não podemos deixar que caia em mãos erradas.
— Ela tem certeza de que não cairá. – Howard deu um sorriso confiante, que acabou contagiando Peggy de alguma forma.
— Bem, então vamos. Não quero perder a ceia de Natal. - Peggy deixou-se vencer pelo espírito natalino com o som dos primeiros fogos.
Peggy vestia um vestido azul com detalhes vermelhos. Guardou a vestimenta o ano inteiro para usar no Natal. Enquanto saíam, Howard Stark e Sibila trocaram olhares cúmplices, sem malícia e segundos interesses da parte dele, pela primeira vez. Ao tocar das 12 badaladas todos ali já estavam reunidos e comemorando o Natal regado a vinho e um banquete dos deuses. Tinham muito a comemorar naquele ano; como a fundação da SHIELD e a missão bem-sucedida que pôs o ultimo agente da HYDRA atrás das celas. Paz, era tudo o que Peggy sentia naquele momento. A felicidade de Howard, Jarvis e sua esposa Anna, seus colegas agentes e seu mais novo amor; Daniel Sousa. Um pensamento, porém, Peggy enviou para aquele que nunca será esquecido e que propiciou a paz que todos eles desfrutavam há apenas 3 anos; Steve Rogers. Sibila captou aquele pensamento, que ficou apenas entre as duas. E assim a noite prosseguiu como a neve que caía lá fora.
...
05 de Janeiro de 1950 – Prisão da SHIELD
O general Hans Kaiser parecia diferente de todos os demais agentes da HYDRA com quem Peggy se deparou. Era dono de uma beleza jovial com seus 36 anos; o cabelo louro dourado e curto, formando o penteado típico masculino de lado nos anos 1940, podia facilmente fazer com que ele fosse confundido com Rogers, porém Carter facilmente o diferenciava, vendo de longe a feição malévola e os olhos verde-oliva. Mesmo com ideais não muito diferentes dos da HYDRA, havia uma megalomania maior; o mundo não bastava para ele. Carter desconfiava até mesmo que Kaiser queria superar a HYDRA, ainda que demonstrasse fidelidade doentia à organização. Seus planos de eugenia em escala global, mesmo sendo projetado e experimentado sadicamente em um campo de concentração nazista representava certo perigo à humanidade, tamanha a engenhosidade do cientista, com o androide 451 Kaiser ganharia mais força e concluiria seu plano em dias. Sem dúvida um homem com alto grau de periculosidade, como os demais, porém com uma aura mais sombria. Carter sentia um frio na espinha só de lembrar que Kaiser também esteve presente na unidade 731 no Japão, adquirindo experiência ao assistir os mais perversos experimentos humanos
Com a RCE transformando-se em uma agência de inteligência bem maior e mais forte, a SHIELD, obviamente as prisões também mudaram para algo mais sofisticado e menos rústico, como na época em que Zola e o manipulador Dr. Faustus. O general Hans Kaiser agora completava o conjunto de vilões da HYDRA aprisionados em celas maiores, porém perigosamente perto de Zola, Reinhardt e Faustus. O meca Rigeliano 451 foi preso em uma base subterrânea de alta segurança da SHIELD no Novo México.
— Você não foi o único a perder uma grande oportunidade de fazer a HYDRA voar sobre os céus como as Valquírias. – A voz de Zola ecoou até os ouvidos do general. Ele estava exatamente na cela em frente a dele.
— E também não serei o último. – Respondeu o louro tranquilo.
— Como? – Zola franziu a testa, assim como os demais que ouviam. – Confia em alguém lá fora.
— Não é apenas um, mas dois.
— Formidável. – Reinhardt, manifestou-se de sua cela do lado da de Zola, segurando duas grades com as mãos. – Quem são?
— A história vai se encarregar de revela-los, cavalheiros.
— Você tem uma força de espírito invejável, Hans Kaiser. – Comenta Zola sincero – Sem dúvida suas ideias são mais que necessárias para nosso projeto.
— Perdão, que projeto?
— O renascimento da HYDRA. De dentro da SHIELD. – Zola disse o mais baixo possível para Kaiser, que ouviu prontamente, abrindo aquele sorriso diabólico.
“Haverá um renascimento muito maior que isso. Inocentes”
...
Nova York - fevereiro de 1981
Maria Collins Carbonell surgiu na vida de Howard Stark como um milagre que fez o inventor milionário e filantropo "sossegar", como dizia Peggy. E aconteceu o que a agente Carter nunca imaginava; Howard se apaixonou e se casou. Maria Stark era a esposa e mulher perfeita, que Howard amava verdadeiramente, porém o único problema era a dificuldade dela para engravidar. Quando finalmente conseguia, Maria enfrentava sempre uma gravidez de risco, resultando num triste aborto espontâneo e o sentimento de impotência em ambos.
Howard estava sentado em uma das cadeiras da mesa da sala de reuniões, cansado demais para levar o dia adiante após uma reunião bem no dia em que tivera mais uma discussão com sua esposa em casa, farta de esperar por um filho em seu ventre. Ele socou a mesa, o que chamou a atenção de Peggy Carter, que entrava pela porta da frente. Stark a viu e voltou a se sentar, passando uma mão nos cabelos negros, já com alguns fios brancos surgindo, enquanto a outra segurava um copo de vidro com Whisky.
— Stark... Não perca a esperança... - Disse Peggy, com um tom calmo, baixo e cuidadoso.
— Esta empresa irá morrer junto comigo, se não tivermos um herdeiro, Peg. - Stark dizia desanimado.
— Deve haver algum jeito, Howard. A medicina evolui a cada dia que passa. Deve haver alguém que possa lhe auxiliar...
— Esgotamos todas as possibilidades, Peggy. Procurei até o Alto Evolucionário em Wundagore. - Ele suspira.
— Nem todas. Conheço uma mulher que pode te ajudar.
— Quem? - Stark olhou para a agente sem esperança. - Já tentamos de tudo, Peggy. Os melhores médicos, os tratamentos mais caros, mas parece que nada consegue solucionar o caso da Maria.
— A Dra. Carrie Wiley é da área médica da SHIELD e veio até mim comunicar que está desenvolvendo uma solução para Maria.
— Eu estou exausto, Peg... investi milhões para que a Ria pudesse ter pelo menos um bebê e nada parece funcionar...
— Só mais uma tentativa, Stark. Que mal pode fazer?
— Não quero iludir Maria mais uma vez.
— Nunca saberá se não tentar.
A Dra. Samantha Wiley apresentou-se á SHIELD como uma promissora Biocientista especializada em genética avançada. Ela era alta, os cabelos louros presos em um rabo de cavalo, vestia um jaleco branco, blusa rosa e carregava uma prancheta. Ela reuniu-se com Peggy Carter e Howard Stark em uma sala de reuniões secreta da SHIELD.
— Boa tarde, Sra. Carter e Sr Stark. - A loura os cumprimentou educadamente. - Estou aqui para lhe propor uma solução para o problema do senhor.
Wiley depositou a prancheta sob a mesa e pediu que ambos se sentassem nas cadeiras macias.
— Infelizmente, devido à idade avançada... - A loura pigarreou, a lateral do punho fechado tocando de leve nos lábios, contendo as gotículas de saliva - de sua esposa, será impossível realizar um tratamento avançado para corrigir sua condição estéril.
Notando os olhares tristes de Peggy e Howard, Carrie se apressou logo em continuar a fala.
— Por isso, eu gostaria de propor uma solução mais viável e que com certeza dará resultado.
— Se Maria não puder carregar um bebê na barriga, então... - Howard franziu a testa
— Outra mulher poderá. - Afirmou a dra. Wiley - Só precisamos de seu DNA e o de sua esposa.
"Barriga de aluguel" - Pensou Carter.
A mulher olhou para Peggy como se soubesse a resposta nos olhos dela.
— Já temos a candidata ideal para servir ao experimento. Só preciso agora do aval de vocês.
A Dra. Wiley olhava para eles. Peggy e Howard se entreolharam com várias perguntas na mente. Maria Stark aceitaria a ideia de um filho dela sendo gerado na barriga de outra mulher? É seguro? O resultado sairia satisfatório? E o mais importante, para Peggy: Ela é confiável? A agente Carter sentiu uma leve, mas significativa pontada da intuição ao ouvir a palavra "experimento" sair da boca da loura.
— Precisamos falar com Maria Stark primeiro. - Disse Peggy.
— Certo, assim que tiverem a resposta me contatem. - A loura lhes passou um papel com seu telefone, pegou sua bolsa e se foi.
Intuição feminina? Talvez, mas Peggy estranhou os trejeitos da moça. Não pareciam os de uma mulher tipicamente americana, ela passou o telefone e se mandou sem um tchau e além de pisar um pouco duro, parecia que ela estava levemente frustrada por não ter conseguido nada ainda naquele dia.
— Peg. - Howard interrompeu os pensamentos da agente. - Acha que a Ria vai concordar? Essa pode ser a nossa única chance.
— Maria sempre quis ter um filho, sempre vi isso nos olhos dela. - Peggy dava um longo suspiro. - É uma pena que tanto tempo tenha se passado até conhecermos essa dra. Se ela fosse um pouco mais jovem poderia se submeter a um procedimento para reverter a esterilidade.
— Eu vou para casa, falar com a Ria. - Stark deu uma olhada em seu relógio de pulso, olhando as horas. - E já está na hora, Jarvis está me esperando.
— Eu também vou para casa, torcendo para que tomem a melhor decisão.
— Tem certeza de que quer ir sozinha? O Jarvis teria o maior prazer em te dar uma carona.
— Não, obrigada Howard, eu sei me virar sozinha...
— Sabe que o Jarvis não sossegaria até fazer algo útil por você, não é? - Stark deu um sorriso, junto com sua risada nasal típica.
— Tudo bem, então. Vamos.
Peggy catou sua bolsa na cadeira e seguiu Howard até o estacionamento, dando de cara com um Jarvis levemente mal-humorado. Era um tanto difícil para o mordomo todo cheio de classe se acostumar com a modernidade, modas e costumes dos anos 80. Reclamava até do carro.
— Eu sinto falta do tempo em que as ruas e automóveis tinham mais elegância... - Resmungava Jarvis. - Agora olhem isso... olhem essas carrocerias pequenas, achatadas...
— Confesso que também sinto falta. Até as mulheres tinham mais classe. - Howard comentou, levando na mesma hora um olhar reprovativo de Peggy.
— Tudo tinha mais classe nos anos 40 e 50, havia mais romantismo, as pessoas eram mais gentis e agora olhe só para os dias de hoje... esses cabelos horríveis, essas roupas, esses jovens delinquentes e loucos, e a música? Oh céus... não há uma rádio que não toque essas músicas eletrônicas tão artificiais e rock pauleira.
Peggy riu baixo, percebendo o quanto o tempo passou rápido. A SHIELD fundada, várias outras guerras se passando, a divisão do mundo em dois blocos distintos, novas culturas e comportamentos, revoluções e a vida seguindo. Reparando nos cabelos de Jarvis e Howard, pegando um tom grisalho aos poucos, pensava no poder do tempo fitando os próprios cabelos com elegantes fios prateados pelo espelho retrovisor. Stark dará um importante passo amanhã, um passo que definirá o futuro das Indústrias Stark e possivelmente do mundo. Não deixou de pensar em Sibila, a alienígena que previu algo sobre o Olho de Bellatrix.
"A chave para o futuro".
Em casa, Howard Stark iniciou um longo discurso com uma Maria transtornada com sua incapacidade de gerar um filho. O homem estava simplesmente fatigado de tudo aquilo. Sentia que, mesmo se esforçando, não conseguia fazer nada para que seu filho tivesse a chance de existir e Maria ainda piorava tudo com seu drama.
— Uma barriga de aluguel, Howard? - Maria berrava indignada. - Quer dizer que outra mulher vai carregar nosso filho?
— Ria, por favor. É nossa única chance de ter um bebê. - Secava o suor da testa, nervoso.
— Crescendo no ventre de outra mulher... - Maria murmurava.
— Estamos velhos demais para ser pais agora em 1981. Deixe que a medicina moderna faça por nós o que não podemos fazer pelo nosso filho, Maria. - Stark procurava insistir mais, com seu lado racional.
— Howard, você não percebe? E se essa mulher quiser ficar com a criança? E se o instinto materno dela falar mais alto?
— Podemos persuadi-la, meu bem.
— Seria cruel...
— Maria, você quer ou não quer ter esse filho? - Stark aumentou levemente seu tom de voz, impaciente.
— Quero. Quero porque desejo ser mãe e pelo futuro desta empresa.
— Então a partir de amanhã daremos início aos procedimentos. Mande os criados prepararem a mesa. Vou ligar para ela.
— Sim... - Maria foi para a sala de jantar pensativa.
A mesma intuição que Peggy sentia, invadia agora invadia a mente de Maria. Um sentimento estranho e incômodo de que algo estava errado. Maria, no entanto, deu de ombros. Parecia bobagem. No dia seguinte, Howard e Maria Stark preenchiam todos os papéis, autorizando o procedimento. Amostras de DNA do casal Stark foram coletadas e guardadas para serem utilizadas e a partir daí deixaram tudo nas mãos da Dra. Wiley. Ao sair, o desconforto de Maria não passava, embora ela soubesse disfarçar.

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