Iron Woman | 1x04 - "Chuva de Fogo"


Uma obra de: Senhorita Stark
Inspirado em personagens da Marvel Comics


Ler no Google Drive / Baixar em PDF:


Fizemos a noite inteira. Mas até mesmo para um super-herói como ele, a exaustão chega. Rolamos tanto que chegamos até a cair da cama. Temos a mesma idade, mas ele parece ser mais imaturo que eu, por isso nunca levamos esse relacionamento à sério. Pelo menos da minha parte. Foi engraçado no início. Pela manhã, eu havia levantado da cama bem mais cedo, mas Johnny ainda permaneceu deitado de bruços, totalmente nu, apenas com o lençol cobrindo a bunda. Jarvis acabou acordando-o, ao ser ativado. O rapaz estremeceu na cama e sentou-se, cobrindo a parte de baixo.
— Bom dia. São sete da manhã. Malibu registra atualmente a temperatura de vinte e dois graus com nuvens esparsas. O mar está em boas condições para o surfe, com ondas de um metro. A maré alta será ás dez e cinquenta e oito. – Jarvis mostrava um painel com as informações obtidas de satélite, na enorme janela do quarto que dava para a linda paisagem do mar. Johnny ficou empolgado.
— Uhuuul... É hoje que vou surfar. – Johnny pulou da cama, pegando uma bermuda que estava no chão e a vestindo.
Tudo fazia parte do imenso complexo de Malibu, uma das mansões dos Stark, que Natasha cuidava e aprimorava. Completamente cercada pelo mar.
— Eh... Tasha? Tasha. – Johnny andava pela sala de estar, procurando por ela antes de ir para a praia. O loirinho tentou mexer em um botão eletrônico, mas Jarvis lhe deu um alerta piscando em vermelho, pronunciando que ele não tinha autorização para entrar naquela área.
— Esse é o Jarvis, ele cuida da casa. – Disse Pepper Potts, uma mulher alta e ruiva com um ar profissional e elegância.
— Ah... é? Ah... maneiro o Sr. Jarvis.
— O que não é maneiro, é você sumir assim sem dar explicação, Johnny. – Uma zangada Susan Richards surgiu, mas sem perder a compostura. – Obrigada Pepper.
— De nada, eu até lavei as roupas dele. Tá tudo prontinho e passadinho.
— Você me desculpa o incômodo, Srta. Potts, é que o meu irmão ele é imaturo e gosta de se meter em encrenca. – Susan morria de vergonha. Se pudesse ficava invisível para sempre.
— Não tem importância, srta. Richards. – Pepper sempre sorridente.
— Mas cadê a Tasha? – Perguntou, Johnny.
— Foi trabalhar, agora vai se trocar pra gente voltar para o edifício Baxter, porque o pessoal está preocupado com você. – Susan agarrava o irmão, olhando para a Pepper e rindo sem graça.
— Queria ver a Tasha!!... Ei, dona Pepsi, pede pra ela me ligar? – Johnny fazia um telefone com a mão enquanto era arrastado. Pepper ria, balançando a cabeça positivamente e Susan protestava.
— Ai Johnny, quer parar? Tá me fazendo passar vergonha!!! – Susan foi ficando cada vez mais invisível pela vergonha.
— Ah, qual é Suuuue?? – Johnny resmungava.
E lá estava eu novamente em minha boa e velha oficina, fazendo o que mais gosto de fazer: Projetar coisas, construir coisas e mexer com máquinas. Meus cabelos presos em um coque e eu finalmente podia deixar as roupas de luxo frufru de lado para vestir minha camisa de banda de rock, acessório indispensável no meu guarda-roupa. Sempre me dei melhor com máquinas do que com pessoas. Por isso poucos amigos de verdade e namorado sério nenhum, só pequenos casos. Trabalhava agora em uma moto, resolvendo alguns problemas mecânicos com meu bom e velho amigo Jarvis. A música havia baixado, e notei a presença de Pepper, minha secretária falando ao celular e carregando uma agenda na mão. Ela estava falando sobre a venda de um quadro o qual nem dei muita importância. Não é minha área.
— Você já deveria estar do outro lado do atlântico, viajando. – Ela chegou dando bronca e com razão.
— Sabe como eu sou, né? Eu não paro um segundo Pep. Mas por que a pressa?
— Seu voo estava marcado para uma hora e meia atrás.
— O avião é meu e vou quando quiser. – Eu ainda mexia na moto, dando de ombros. – Eu não vejo vantagem em ter um avião se não me esperam.
— Não desdenhe de suas obrigações, Natasha. Sei que pareço mandona, mas esta empresa é sua vida. É um legado que seu pai deixou para você.
— Sabe que não gosto desse papo meloso, né?
— É, mas ás vezes parece que não liga muito pra nada. Se continuar assim alguma coisa vai dar muito errado e correrá o risco de perder tudo.
— Eu sou um gênio, construo tudo do zero.
— Está se sentindo bem? – Pepper perguntou um pouco preocupada.
— Tô. Só não gosto que me pressionem. Eu ainda estou cansada da festinha de ontem. Amanhã eu vou.
— Não se atrase, Srta. Stark.
— Pode deixar, Srta. Potts.
Ela virou-se e saiu da oficina. Até eu estranhei minha súbita melancolia. Aquela não era eu, eu não estava me sentindo bem há uma semana. Havia na minha cabeça um estranho sentimento de que algo estava prestes a acontecer e que iria mudar o rumo da minha vida para sempre. No dia seguinte resolvi disputar uma corrida de carro com Happy até o aeroporto particular, onde Rhodey nos esperava nas escadas do jatinho particular. Saí de meu carro prateado, comemorando a vitória, enquanto Happy chegava logo depois em seu carro preto.
— Se saiu bem, achei que tinha te perdido de vista, Hap. – Eu disse para o Happy.
— E eu perdi. Por isso peguei um atalho.
— Três horas. – Protestou Rhodey.
— Aquela repórter da Vanity Fair não me largava. – Me defendi.
— Estou esperando aqui três horas.
— Já cheguei, cacete. – Bufei ligeiramente. – Bem... hora de botar essa águia para voar.
E assim finalmente levantamos voo, rumo ao Marrocos, onde eles estavam nos esperando. Rhodes estava um saco, por que ele insiste em me tratar como se eu fosse um bebê? Ele é minha babá, por acaso? Eu mal podia comer meu sushi sem que o Rhodes iniciasse o “mimimi” sobre não beber durante o trabalho, mas meu fígado era de aço depois de tantos drinks que já tomei nessa vida desde o final do colegial. E no final o coronel James Rhodes acabou entregando-se aos drinks e dançando com as aeromoças. Mas mesmo em meio a tudo isso meu incômodo e a sensação ruim não passavam.
BASE AÉREA NO AFEGANISTÃO.
Diferente do Marrocos, o Afeganistão me trazia uma energia mais pesada, triste e desolada. Talvez seja pela história e recentes conflitos mostrados nas principais mídias. O fato era que agora eu estava em missão, e eu utilizava isso como um motivo para seguir em frente. Se quero acabar com as guerras preciso fazer isso, eles precisam de armas cada vez mais avançadas e poderosas para a manutenção da paz.
Ao descer as escadas, deparei-me com um mar de soldados. Vestia minha camisa branca e calças jeans, todos estranhavam meu visual simples, mas naquele dia eu não estava me sentindo bem. Direta, fui até o general e apertei sua mão.
— Srta. Stark, estamos ansiosos pela sua demonstração. – Disse o general.
— Eu espero poder colaborar com a manutenção da paz mundial, senhor. – Eu fui cordial.
— Mas é claro que vai, tenho total confiança em suas armas.
Assenti com a cabeça e cumprimentei o outro sujeito. Logo fomos para perto de uma cadeia de montanhas, onde seria feita a demonstração de minha última invenção: O míssil Jericó. Uma arma tão eficiente que em apenas um disparo causa uma detonação gigante, apesar de parecer inofensiva no começo. Eu fiquei de costas para a cadeia de montanha e comecei a falar.
— É melhor ser respeitado ou ser temido? Eu me pergunto, é demais querer os dois? – Eu falava com uma segurança absurda. Inflando o ego para despistar o pressentimento ruim. – Pensando nisso eu lhes apresento a atual joia mais valiosa das Indústrias Stark. – Eu dizia atual, pois sabia que a cada ano vinha algo melhor. – É o primeiro sistema de mísseis a incorporar nossa tecnologia de raios repulsores. Dizem que a melhor arma é aquela que nunca temos que disparar, mas eu discordo veemente. A melhor arma é aquela que só temos que disparar uma vez. É assim que meu pai fazia e é assim que a América sempre fez e continua fazendo e tem funcionado bem até agora. – Naquele instante senti um frio na espinha. – Uma só desculpa, e os vilões nunca mais irão querer sair de suas cavernas.
Fiz um sinal com o braço e as ogivas começaram a mover-se, zunindo até estacionarem e os misseis, apontados para o céu, foram lançados. O míssil, ao atingir certo ponto na trajetória, liberou outros pequenos misseis, formando uma assustadora chuva de fogo.
— Para sua apreciação. O Jericó. – Levantei os braços de modo teatral para os lados. A chuva de fogo caiu sobre as montanhas, levantando bastante poeira e uma onda de choque que nem sequer me abalou, mas fez os bonés dos soldados voarem.
Abri um refrigerador e peguei uma bebida para saciar minha sede, após a demonstração.
— Eu vou dar um desses de brinde a cada compra de quinhentos milhões de dólares. Á paz. – Eu saudei com a raça.
O celular tocou e eu o abri, dando de cara com Obadiah ainda deitado em sua cama.
— Porra, Obie. Ainda não tá dormindo? – Eu ria. – Que horas são aí?
— Não consegui dormir de ansiedade. Como foi?
— Maravilha. O Natal vai ser mais cedo
— Ahhh muito bem, menina. Até amanhã.
Desliguei e entrei no Jipe do comboio, crente de que eu iria ter alguns momentos de diversão para tentar tirar a sensação ruim da cabeça.
— Desculpe, Rhodey, aqui é o carrinho da diversão. Não tô afim de ouvir lenga lenga e sua caretice. Até.
— Foi bacana a apresentação.
— Te vejo na base.
Foi a última vez que eu o vi, antes de tudo ir pelos ares. Á partir daí foi uma sequência de desastres, um atrás do outro.
Tudo que eu consigo me lembrar é da dor. Imagens distorcidas surgiam como um flash em minha mente. Terroristas e um homem de óculos sobre mim com instrumentos cirúrgicos, eu vi meu sangue. Estava deitada em uma cama, uma forte luz em cima de mim e eu me debatia, lutando para me manter viva em uma sala de cirurgia improvisada no meio daquela caverna. Eu sentia o meu tórax aberto e o coração pedindo por ajuda até que um objeto metálico foi implantado. Queriam me transformar em um ser biônico? Meu problema era tão sério assim? Medo. Tudo apagou novamente quando colocaram um pano sobre meu rosto, o cheiro e entorpecia.
Acordei tossindo, algo incomodava minha via respiratória. Abri bem os olhos e me vi deitada, eu tinha um fio entrando minha narina direita e removi aos poucos, sentindo uma mistura de nojo e nervoso. Fiz uma careta e tossi. Virei a cabeça para a esquerda, esticando o braço para tentar alcançar algo na cômoda, sem sucesso, acabei derrubando. Eu tossia muito, agonizante. Havia uma lâmpada iluminando o local. E então eu o vi fazendo a barba na maior tranquilidade diante de um espelho sujo.
— Você é mais durona do que eu imaginei. – Disse o senhor.
Pode crer.
Me virei para tentar alcançar uma garrafa que estava num criado mudo a minha esquerda, mas um fio ligado ao meu peito me segurava como se fosse uma coleira. Eu parecia estar ligada a uma bateria, uma bateria carregando em meu peito.
— Eu não faria isso se fosse você. – Ele avisou e eu voltei a olhar para ele.
Toquei nos fios e cheguei ao meu peito, tateando o com a mão e sentindo um volume bem no centro. Agoniada com aquela situação eu rasguei os curativos e ali estava a peça metálica cravada em meu peito. Senti um nervoso forte e respirei fundo.

Que merda que tá acontecendo?

O homem cozinhava algo em uma panela, sobre o fogo, enquanto assobiava.
— O que você fez comigo? – Perguntei, quebrando o silêncio. Enquanto isso peguei um pedaço de vidro e observei o reflexo do aparelho nele.
— O que foi que eu fiz? Eu só salvei a sua vida. – Ele disse enquanto cozinhava. – Eu removi os estilhaços de bomba, o máximo que pude. Mas ainda tem bastante, em lugares difíceis. Estão indo para o seu septo atrial.
O homem pegou um pequeno vidro e mostrou-me os fragmentos dentro que ele havia tirado de dentro de mim. Pensei em lhe agradecer, mas precisava de mais um tempo para saber qual era a dele.
— Tenho um souvenir. – Ele balançava o vidrinho e tinha um certo censo de humor. Jogou para mim e eu o peguei. Apenas três estilhaços, e havia muito mais dentro de mim.
— Eu já vi muitos feridos assim na minha aldeia. – Ele relata. – Os chamamos de mortos-vivos porque leva uma semana para os estilhaços alcançarem os órgãos vitais.
— O que é isso? – Perguntei. A curiosidade me consumindo.
— Um eletroímã. Conectado a uma bateria de carro. – Ele fez uma breve pausa e tornou a explicar. – Impede que os estilhaços entrem em seu coração.
Engoli em seco, absorvendo aquela informação quando reparei na existência de uma câmera de vídeo no alto. O homem olhou para o alto e depois para mim. Eu invejava aquele senso de humor numa hora dessas. Fechei o zíper do casaco que usava. Por baixo eu usava uma blusa sem alça da cor cinza e sutiã.
— Isso mesmo, sorria.
— Onde estamos, senhor? – Perguntei ao mesmo tempo em que alguém se aproximava da porta falando alguma coisa em árabe e destrancando a. Fim do sossego.
Em questão de segundos a horda asquerosa de terroristas ocupava o espaço, interrompendo a conversa. Como se já não bastasse eu estar toda ferrada, recém operada. Senti que aquele seria o momento em que eu obteria a resposta para minhas perguntas.

CONTINUA...

Comentários