Iron Woman | 1x03 - "Princesa Stark"


Uma obra de: Senhorita Stark
Inspirado em personagens da Marvel Comics


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37 horas atrás, Las Vegas.
Enquanto eu me divertia em um cassino e depois em uma boate com meus amigos, rolava o Apogee Awards, na mesma Las Vegas. Um evento que premia mentes brilhantes e talentosas no auge de suas carreiras. A instituição também rastreia por novos talentos.
Era um local amplo, com uma decoração elegante e simples. Duas fotos minha ladeavam a telona, para onde as pessoas olhavam. Convidados em suas mesas com taças, flores e pratos aplaudiam o início da homenagem à uma das mentes mais brilhantes que surgiram em nossos tempos modernos, segundo eles: Natasha Stark.
Natasha Stark
Inventora, Visionária, Gênio e Patriota americana.
Fotos de capas de revista passavam pela tela, enaltecendo-me. Tenho que admitir que sou fotogênica.
Desde a juventude, a filha do lendário fabricante de armas Howard Stark tem chamado bastante atenção com sua mente brilhante, mesmo em um mundo que subestima a capacidade feminina. O que a tornou um dos maiores ícones de empoderamento feminino, encorajando cada vez mais meninas á correrem atrás de seus sonhos. Com 5 anos, construiu seu primeiro robozinho, aos 7 fez um R2-D2 como uma boa fã de Star Wars.
Todos acharam uma gracinha a minha foto sorridente ao lado do meu amado astromecânico. Até hoje eu o levo em convenções de cultura nerd e de Star Wars, vestida de Princesa Léia.
Aos 9, seu primeiro motor, e com 17 formou-se no M.I.T. (Instituto de Tecnologia de Massachusets). Nem mesmo a trágica morte de seu pai impediu esta garotinha de tornar-se a mulher incrível que é hoje, graças ao apoio de velhos amigos de Howard Stark.
A agente Peggy Carter, que foi como uma mãe postiça e conselheira no momento em que ela mais precisava. O já falecido e fiel mordomo Edwin Jarvis, em quem Natasha buscou inspiração para o nome de sua Inteligência Artificial. E Obadiah Stane, que assumiu a maioria dos negócios de Howard, tentando preencher o espaço deixado pelo fundador.
Corajosamente, Natasha alistou-se nas forças aéreas dos Estados Unidos, aos dezessete anos, logo depois de terminar o colégio, com o consentimento de Stane. Era uma das principais condições do testamento de seu pai, para que ela herdasse sua fortuna. E aos vinte e um anos, a princesa Stark assume os negócios do pai, tendo amadurecido bastante como militar e tornando-se presidente das Indústrias Stark.
Seguia os aplausos do público e os mais calorosos de Obadiah, em meio à um mar de gente. Apareciam agora fotos mais recentes minhas ao lado de Stane e meus projetos de armas militares.
Com as chaves de um reino mecânico, Tasha lidera e conduz o império deixado por seu pai por uma nova era, criando armas mais inteligentes, robótica avançada e tudo via satélite com alta precisão. Contrariando muitos que não a viam mais que uma mera princesinha, Natasha Stark foi responsável pela evolução da indústria de armas, protegendo a liberdade e os interesses da américa.
E no final uma bandeira dos Estados Unidos surgiu logo depois de mais uma imagem minha na capa de uma revista e uma última foto minha com aviões atrás, finalizando a apresentação. Mais aplausos.
O Coronel James Rhodes, meu amigo Rhodey, subiu ao palanque trajando seu uniforme azul escuro. O Holofote sobre ele.
— Sempre lado a lado com as Indústrias Stark, como representante. Eu tive um privilégio inigualável de servir com esta grande patriota. Para mim ela é como se fosse o Capitão América versão feminina. – Rhodes riu baixo, assim como a plateia.
— Ela é minha amiga querida. – Rhodes retomou o discurso. – Senhoras e Senhores, eu tenho a honra de entregar este prémio. O prémio Apogeu deste ano para a Srta. Natasha Stark.
Uma salva de palmas, seguida por uma música sucedeu o discurso emocionado de Rhodes. Porém logo depois veio o constrangimento. Todos ali me esperavam com muita expectativa, mas ao invés da minha pessoa, quem tomou as rédeas da cerimônia de premiação foi Obadiah Stane, que recebeu o prêmio em mãos, contornando a situação com jogo de cintura.
— É lindo. – Ele olhava para o troféu cintilando. – Muito obrigado a todos. Bem, como vocês podem ver eu não sou Tasha Stark. – Ele disse meu nome em forma carinhosa, como os amigos próximos costumam me tratar. Risos da plateia. – Mas se eu fosse ela, eu diria como me sinto honrado e alegre por receber esse prêmio tão importante. Eh... bom, a grande virtude da Tasha é também seu grande defeito. Ela está sempre trabalhando.
Agora vem a parte divertida da minha vida, meus caros. Naquele dia eu resolvi tirar um dia inteiro de folga. Nas próximas horas eu tinha que me preparar para uma viagem de negócios ao Marrocos, mostrar uma de minhas mais recentes invenções militares.
A palavra de ordem no momento era FESTA. E que lugar melhor para uma festa nos Estados Unidos que Las Vegas? Depois de um banho de loja fui com minhas amigas para um Cassino, onde a sorte me condecorou mais uma vez e dali seguimos para casa, trocar de roupa para irmos a uma boate com tudo o que tínhamos direito. Durante o caminho, eu fitava várias vezes o céu do entardecer lindo, e a visão melhorou mais ainda quando um risco iluminado cortava a paisagem. A silhueta em chamas arrancou um sorriso amplo de meu rosto.
— Chegou teu boy, amiga. – Disse uma das meninas.
— Então este é só o início de uma grande noite. – A malícia estampada em minha face.
A música rolava alta e o clima era de total festa. Eu, como sempre marcava presença mais nos barzinhos, tomando um drink do que dançando. Dançar havia virado coisa de adolescente, assim como minha total irresponsabilidade. Desde que entrei para a Força Aérea adquiri mais maturidade e desde então não estive presente em muitas festas. Mas então eu conheci Johnny Storm, integrante do famoso Quarteto Fantástico, através de um de meus amigos, Reed Richards.
— E aí, Tasha? Achei que não ia mais te ver por aí. – Johnny se aproximou de mim com aquele jeito moleque e garanhão que sempre conheci. Ele vestia uma jaqueta preta de couro, enquanto eu vestia uma marrom.
— Acho que alguém aqui está com frio. – Ele me olhou de cima a baixo, notando minhas roupas.
— Só quis estrear minha jaqueta nova. – Respondi, o encarando com um sorriso.
— Tem certeza de que não tá com frio, Tasha? Eu posso te esquentar... – Ele alterou o tom de voz pra algo mais grave, falando um pouco mais lentamente e sedutor.
— Que tal mais tarde, chamuscado? – Entrei em seu jogo de sedução de propósito, minha voz levemente embargada pelo desejo.
Acho que nós dois sempre tivemos uma conexão, um fogo interno que nos unia e queimava. Somos parecidos, jovens loucos que aproveitam a vida sem muitos pudores e fazendo a noite de parque de diversão. Até perdi a conta de quantas vezes eu fui pra cama com Johnny, e ele mais ainda. Gostava de me divertir com ele, dessa sensação de liberdade que as nossas noitadas sempre me proporcionavam, como se ele tivesse uma energia que passasse para mim e eu pra ele.
Meu celular tocou, enquanto dançávamos na pista. Era o Rhodey.
— Ah, qual é Rhodey. Hoje é meu dia de folga, man. – Bufava, mas respondia a ele com delicadeza.
— Eu tô aqui fora com seu prêmio que o Stane acabou de receber por você.
— Prêmio? Pelo quê? Nem sabia que tinha ganho alguma coisa. – Dei risada.
— Ele estará aqui no carro, com o Happy, caso ainda se importe.
— Eu já tô saindo, deixa eu dançar mais umas três músicas.
— Se cuida aí, Natasha. Por favor. – Pediu Rhodes.
— Sim, papai. – Ri da minha própria imitação a uma patricinha da televisão, desliguei o celular e voltei a dançar com Johnny.
Já na saída uma repórter me abordou. Era loira, elegante, porém um tanto atrevida.
— Com licença? Com licença? – Ela correu até alcançar uma distância segura e perto suficiente para que eu escutasse. – Christine Everhart, da Vanity Fair. Eu preciso fazer algumas perguntas.
Happy mantinha-se firme, protegendo-me como um bom segurança, mas decidi livrar-me dela por minha conta.
— Tudo bem, Hap... – O afastei com um acenar de mão e me coloquei à disposição da moça. – Diga. – Eu disse encarando-a com certo desdém.
— Tem sido comparada à Da Vinci e Thomas Edison, o que tem a dizer sobre isso? – A moça ergueu o gravador.
— Por que sempre um homem? – Eu protestei. – Eu preferia ser comparada à grandes mulheres da ciência, como Marie Curie, apesar de me considerar tão inteligente e capaz quanto ela. – Eu juro que senti vontade de vomitar quando a repórter franziu a testa em dúvida, mostrando claramente que não sabia de quem se tratava. – E Thomas Edison? Sério? Nikola Tesla mandou um abraço do além. – Ás vezes eu amo a minha arrogância. – E eu não pinto.
— Certo... – Ela sacudiu a cabeça levemente, dando de ombros. Aquilo me deixou com uma raiva. – E o que acha do seu outro apelido “A rainha da morte”?
— Maneiro. – Respondi infantilmente. Constrangendo-a. – Berkeley?
— Brown.
— Certo, garota do Brown. – Fiz uma rápida pausa, respirando pela boca. – Nosso mundo não é perfeito, mas até agora é o único que nós temos. E o dia em que não precisarmos mais de armas, eu poderei construir uma Millenium Falcon. – Meus olhinhos verdes brilhavam, mas ao notar o semblante irritante de quem não entendeu nada da aula de física fiz cara de paisagem. – É o nome de uma nave espacial, qual é? Você é a única pessoa nesse mundo que não conhece Star Wars?
— Isso é mais uma dessas coisas, tipo Senhor dos Anéis? – A repórter dava de ombros novamente. Coisinha irritante. – Como alguém como você tem tempo pra essas coisas infantis? Pensei que apenas aqueles nerds gordos, espinhentos e virgens gostassem disso.
Eu respirei bem fundo, mas bem fundo mesmo pra não explodir bem ali, mas precisava manter minha classe para o bem da minha imagem. Meus punhos coçavam pra encontrar a cara dela, a típica loirinha bonequinha e bem desprovida de cultura.
— Ah, minha cara. Eu poderia enumerar vários motivos, mas acho que a noite não é tão longa assim. E não acho que esse seja o foco da entrevista, estou certa?
— Bom... – A loura pigarreou, constrangida. Dei um sorriso. – Você decora essas falas?
— Um pouco durante o banho e toda noite, antes de dormir. Você não iria gostar de conferir.
— Não. Eu só quero uma resposta séria.
— Tá legal. – Fiz uma breve pausa, lembrando-me de meu pai. – O meu pai costumava dizer, e tinha isso como filosofia também, que se você quiser vencer seu adversário precisa ter um calibre mais poderoso que o dele.
— Isso é bem óbvio e ótimo de quem tem as mais poderosas.
— Meu pai ajudou muito a América a vencer os Nazistas, servindo de apoio tecnológico para o Capitão América. Quem você acha que deu a ele o escudo de Vibrânio? Ele participou do projeto Manhattan. Pergunte aos seus professores e eles dirão que meu pai foi um herói.
— Muitas pessoas, no entanto, dizem que isso também significa lucrar com a guerra. – A mulher investiu ousadamente. Pelo menos uma qualidade eu posso admitir que ela tem.
— Vem cá, você planeja falar sobre os milhões que economizamos com os avanços na medicina e a diminuição da fome com cultivos inteligentes? São belos exemplos de estratégia. Esses avanços, vem dos recursos militares. – Respondi incisiva.
— Uhh. Já perdeu uma hora de sono na sua vida?
— Adoraria perder uma. – Fiz uma pausa, ela olhou para mim com uma certa expectativa que eu não estava gostando. Olhei para o lado e fitei Johnny Storm recostado em meu carro, sob olhares acusatórios de Happy. O olhar brincalhão e malandro do Tocha Humana veio de encontro ao meu, seguido de um sorriso altamente malicioso. – Com ele.
— Quer dizer então, que está em um relacionamento com o Tocha Humana do Quarteto Fantástico? – A loura abriu a boca surpresa e perplexa, embora tudo aquilo fizesse sentido.
— É só casual. Não é nada sério. – Comecei a andar, impaciente.
Queria partir logo para a melhor parte da noite.
— Então a senhora confirma que está se relacionando com Johnny Storm?
— Apenas casual. Ninguém aqui é dono de ninguém e eu tenho o direito de sair com quem eu quiser, eu sou poderosa e sou livre. – Elevei meu tom de voz, já visivelmente irritada, na esperança de que ela largasse do meu pé. – Passar bem, senhorita Everhart.

CONTINUA...

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