Iron Woman | 1x10: "Eu Sou a Mulher de Ferro" [SEASON FINALE]


Uma obra de: Senhorita Stark
Inspirado em personagens da Marvel Comics


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Uma base especial das Forças Aéreas havia sido escolhida e designada para a coletiva de imprensa que eu estava prestes a dar naquele dia. Dias haviam se passado após a minha batalha contra Obadiah Stane e seu Monge de Ferro, apelido carinhoso que dei a ele. Eu me sentia orgulhosa, mais leve e vingada depois de derrotar meu primeiro grande inimigo como heroína, parecia que eu havia preenchido um espaço vazio em minha vida finalmente fazendo o que era certo, assumindo a responsabilidade e o controle sobre a minha vida e minha empresa.
Eu cheguei bem cedo na base junto com Pepper, ainda era dez e quinze da manhã, e a coletiva de imprensa começaria as onze. Eu sentia uma sensação nostálgica agradável naquele dia, vestindo meu uniforme de oficial da força aérea, azul escuro, gravata, saia à altura do joelho, e um tamanco de salto não muito alto. Não era apenas pela minha vida na aeronáutica, mas também pelos desfiles cívicos de quatro de julho que eu participava, realizados pelo colégio interno onde estudei quando era criança. Eu me sentia me preparando para o desfile colocando aquele uniforme, ainda mais sabendo que meus amigos também estariam lá uniformizados. Pessoalmente eu gostava mais de aparecer na mídia em um evento sério uniformizada do que com roupas civis
Meus cabelos castanho-escuros bem presos atrás, e uma boina em minha cabeça. Nenhum dos que estavam presentes naquele evento sabiam que aquela boina já pertenceu à Peggy Carter, e que já foi usada em combate, eu estava guardando-a para utilizar em alguma ocasião especial. Também optei por uma maquiagem bem leve, um batom suave, pó compacto e algumas correções no canto dos olhos. Eu estava pronta.
Toda a mídia já estava pronta, repórteres e câmeras por todos os lados, eu olhava em volta ao sair do carro, Pepper e Rhodes ao meu lado. Ao entrarmos no recinto eu deveria ficar em um lugar, uma pequena sala, ensaiando meu discurso explicativo sobre os acontecimentos daquela noite, mas antes cumprimentei Carol Danvers, que vinha pelo corredor.
— Tasha. – Os cabelos louros também presos. Sorrisos apareceram em nossas faces e nos abraçamos. Ela era uma de minhas melhores amigas na força aérea. – Eu ia te visitar assim que você chegou do Afeganistão, mas estava muito ocupada com assuntos do trabalho.
— Confidencial, não é? – Respondi.
— Pra você não. Você é militar também, apesar de estar fora a algum tempo.
— É temporário. Eu gostaria de voltar um dia, eu amo voar.
— Mas você tem uma empresa pra gerir, além disso pode voar muito mais que um F-22 naquela armadura foda.
— A maioria das pessoas trabalha basicamente para sobreviver, Carol. Outras têm a sorte de sobreviver trabalhando naquilo que mais gosta, como você. Mesmo que agora eu possa contar com a herança de meu pai, eu jamais abandonaria a aviação, é minha paixão. Aqui fiz dois grandes amigos, como você e o Rhodes. – Fiz uma breve pausa, para pegar mais fôlego. – E eu adoro esse meio militar.
— Você cresceu com bastante influência e boas referências.
— Eu sei que posso fazer várias coisas ao mesmo tempo. – Eu disse com certa confiança.
— Ter uma vida social também? – Carol perguntou sorrindo de canto. Eu apenas desviei o olhar.
— Tasha. – Pepper entrou. – Desculpe interromper, mas é que já estão acertando os últimos detalhes para a coletiva. O Rhodes já está lá.
— Já estou indo, Pep. – Respondi gentilmente para a ruiva. E fomos para uma sala, antes de ir para a coletiva. Um espaço formal, com alguns quadros na parede, poltronas macias, uma TV mostrando Rhodes dando seu parecer sobre o que aconteceu e um jornal do The New York Times em cima de uma mesinha.
“Quem é a Mulher de Ferro?”
— Mulher de Ferro... Hum, eu preferia algo mais maneiro, tipo Águia de Ferro, mas tá bom esse. Embora tecnicamente a armadura seja feita com uma liga de Titânio e Ouro. – Eu olhava fixamente para a figura da minha silhueta na primeira página do jornal, um ser metálico menor que o grandalhão e claramente com fisionomia feminina. – Que coisa... Eu nem acredito que sou a Mulher de Ferro.
— Nah, você não é a Mulher de Ferro. – Disse Carol, descontraída, me dando um soquinho leve.
— Pior que eu sou. – Ri baixo.
— Haha... Os jornais estão dizendo que sim.
— Primeiramente, pausa para feminilidades – Eu ri e seguimos juntas para o banheiro e ficamos em frente a um espelho para verificar minha aparência antes de entrar. – Acho que, se eu fosse se eu fosse a Mulher de Ferro, eu teria um namorado que saberia minha identidade secreta e viveria preocupado comigo, me vendo sempre correndo riscos e essa ansiedade toda o deixaria... louco por mim. – Eu e Carol rimos alto.
— Eu soube, pela Sue, que o Johnny até chorou, tadinho.
— Ele é um rapaz novo e sentimental. – Retoquei o batom.
— Quando vai se dar uma chance? – Carol perguntou.
— Para?
— Ser feliz, Tasha.
Eu preferi não responder, apenas fitei os olhos dela. Ela obteve a resposta neles. Voltamos para sala, onde o agente Coulson me esperava com um papel em mãos.
— O seu álibi. – Ele estendeu a mão com o papel, entregando-o para mim e eu o tomei gentilmente, lendo as palavras e ouvindo o que Coulson dizia.
— Você estava em uma viagem na Grécia, aproveitando com seus convidados.
— Certo. Provavelmente paquerando algum Deus grego. – Sorri de canto e comecei a rir.
— Leia tudo, senhorita Stark.
— E quanto ao Obadiah? – Perguntei bastante curiosa.
— Dirá que ele está de férias. Demos um jeito. – Coulson respondeu. – Aviões costumam dar defeito.
— Mas e quanto à Mulher de Ferro? Guarda-Costas? Sério?
— Lembra-se da Bethany Cabe? Sua amiga? Diga que ela é sua guarda-costas.
— Acho que ela não vai curtir muito essa ideia.
— Vai ter que curtir. Atenha-se à versão e tudo sairá conforme o planejado. Tem apenas noventa segundos.
— Certo, Coulson.
— Agente Coulson. – Pepper foi correndo até ele. – Eu só queria agradecer por toda a sua ajuda.
— É o nosso trabalho. Vocês terão notícias nossas. – Ele afirmou.
— Da.. Superintendência Humana de... – Pepper se esforçava para se recordar do nome todo.
— Nos chame de S.H.I.E.L.D. – Coulson simplificou orgulhoso e aliviado de ter arrumado um nome melhor.
— Certo. – Pepper meneou a cabeça positivamente e ele se foi. – Ok, mocinha, hora do Show.
— Uh, lá vou eu. Ah, Pepper. – Interrompi brevemente. – Obrigada viu?
— Você e suas furadas, Tasha. – Ela riu e me acompanhou com Carol.
...
— E agora a senhorita Stark preparou um discurso, mas não responderá a pergunta de ninguém. – Rhodes me anunciou, iluminado por flashes de câmeras. Ele saiu do palanque, dando lugar a mim assim que pisei no salão.
— Bom dia a todos os presentes. – Mantive minha cordialidade e eloquência que aprendi na aeronáutica. – Eu vou me ater às anotações.
Pigarreei antes de começar a falar, só naquele instante eu pude notar a presença de Christine Everhart sentada na primeira fileira, ávida por minhas palavras. As pernas cruzadas.
— Primeiramente, as pessoas têm me questionado se estive presente nos eventos ocorridos na rodovia e no telhado...
— Desculpe, senhorita Stark. – Ela me interrompeu. – Mas você espera que acreditemos que era uma Guarda-Costas que surgiu na hora certa e no momento certo, apesar da senhora...
— Eu sei que é confuso. Mas uma coisa é questionar a história oficial e outra coisa é fazer acusações e insinuar que sou uma... super-heroína.
— Eu nunca disse que era uma super-heroína. – Christine defendeu-se.
— Eu tenho uma dificuldade enorme para me considerar alguma coisa maior do que eu sou. Eu sempre me vi como uma garota que ama aviões e gosta de inventar coisas. Nunca me imaginei heroína de verdade. – Eu suspirei me lembrando de Khadija e Yinsen. Carol me olhava com um tímido sorriso – Heróis sempre salvam vidas e eu sou apenas uma humana. Eu me sinto apenas uma humana, com poder aquisitivo e grande intelecto, mas ainda assim uma simples mulher que faz o que pode para fazer do mundo um lugar melhor. E eu não acho que eu tenha os atributos de um herói, como o Capitão América, eu tenho tantos defeitos quanto uma pessoa qualquer.
Rhodes foi aos meus ouvidos e repetiu a mesma coisa que Coulson havia me dito várias vezes. “Atenha-se ao que está escrito”
— Enfim, a verdade é que...
Erguendo o bilhete com os dizeres perante meus olhos, fiz uma pausa e minha mente começou a vagar, lembrando-se da voz rouca de Peggy deitada em sua cama, os cabelos brancos e as rugas na face, o olhar de quem parecia desnudar sua alma e enxergar o que nenhum outro ser humano era capaz. “Uma nova mulher nasceu dentro de você”. Abaixei a mão, tirando o papel da frente de meus olhos e passei a fitar a plateia a minha frente.
— Eu sou a Mulher de Ferro – Olhei para os repórteres com a maior confiança do mundo.

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