Lúcius | 1x02: "O Pseudo-colombiano"


Uma obra de: Dolfenian Khallium


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— O Lúcio costuma xingar em colombiano quando está com raiva de alguma coisa. — Diz Rafael sentado na poltrona olhando para o terapeuta enquanto o mesmo faz anotações naquele mesmo ambiente calmo.
— Por que? — Pergunta o terapeuta curioso.
— Eu não faço ideia, mas deixar ele com raiva não é bom. E por isso eu fiz de tudo para não contar o que houve na faculdade. Ele iria pirar.
— Fez de tudo? Quer dizer que deu certo? — Pergunta franzindo a testa.
— Mais ou menos...
•••
Algum tempo antes...
— Muéstrame los hijos de puta. Voy a quemar los pedazos de mierda. Se quemarán en el fuego del infierno. ¿Donde estan? ¿Donde estan? Dime! — Grita Lúcio irritado, desesperado e batendo nas portas do banheiro.
Ali estão os dois. Rafael se troca mais seguro naquele banheiro, sabia que teria sido um erro ter chamado o Lúcio, seu amigo se preocupa demais com ele, e tem um temperamento muito explosivo. As coisas costumam ficar feias quando mexem com Rafael. E ele não gosta de deixa-lo preocupado.
— Você sabe que eu não estou entendendo nada, não é? — Diz Rafael enquanto coloca uma nova calça e prepara seu terno.
— Me dê um nome! — Fala Lúcio extremamente irritado apontando o dedo para Rafael que por um momento se sente com medo.
— O que? Eu não sei! Escuta Lúcio, só esquece isso. — Diz seu amigo tentando lhe acalmar, mentindo. — Essas coisas acontecem se acostume, agora tenta voltar para a casa e descansar. Sério...
Lúcio escuta todas as palavras tentando ter calma. Respira fundo após ouvir tudo. Por um momento fica em silêncio absoluto o que assusta Rafael.
— Tá bem... — Ele fala mudando seu tom de voz completamente. Parecendo bem mais tranquilo e calmo, o que com certeza é estranho.
Sem falar qualquer coisa, ele sai do banheiro como se nada tivesse acontecido. Ainda teria de voltar para a casa e preparar a comida.
•••
Lúcio teria se estressado demais com toda aquela situação. Saiu da faculdade com tanto ódio que conseguiu deixar algumas crianças com medo, e até mesmo o céu ficou nublado de repente.
Ele entra num beco de uma rua afastada e vazia. Estava tentando chegar mais cedo em sua casa.
Enquanto dá seus passos rápidos com muita raiva, ele nota que alguém se aproxima rapidamente também, com muita pressa.
A pessoa puxa com muita força o moletom de Lúcio, fazendo ele quase cair no chão. O garoto olha para trás com rapidez procurando o responsável pelo ato.
— Parou, parou, parou! — Grita um garoto com um pano tapando seu rosto. Ele carrega uma pistola em suas mãos e está apontando firmemente para a cabeça de Lúcio. — Celular!
A reação do garoto é no mínimo estranha. Ele já estava com muita raiva e não parecia se importar nenhum pouco com a arma apontada para sua cabeça.
— Com tantas pessoas para você assaltar, e você decide pegar justamente o filho de Satã que não está nos seus melhores momentos... — Fala Lúcio encarando diretamente nos olhos do adolescente barbudo. — Hoje realmente não é o seu dia de sorte.
— O celular, vai, vai, vai! — Grita o menino forçando a arma contra a testa dele.
— Me dá isso aqui, deixa eu te mostrar uma coisa... — Lúcio puxa a pistola com a maior facilidade da mão do bandido, como se toda aquela situação fosse muito comum.
O jovem fica com os olhos arregalados por agora se ver como um refém daquela situação toda.
O mais impressionante estaria por vir agora. Lúcio coloca a arma sobre sua própria cabeça. Pressionando o cano contra sua testa. Não estaria de brincadeira, por mais que estivesse com um terrível e assustador sorriso. Desliza seu dedo sobre o gatilho enquanto o outro menino está congelado sem reação alguma.
O som do tiro desperta ele daquele pesadelo, poderia se mexer agora. Teria fechado seus olhos por um segundo para evitar a cena.
Mas quando abre de novo sem escutar o corpo do garoto cair no chão, ele fica mais assustado.
Lúcio estaria em pé, e a bala não teria lhe causado um único arranhão. A mesma caiu no chão se despedaçando, e um pouco de fumaça sai do cano da pistola.
— Agora tem outra coisinha que eu quero te mostrar... — Diz Lúcio com aquele sorriso maléfico, se aproximando enquanto estala os seus dedos para o garoto assustado e chocado com toda a cena.
•••
Rafael teria chego em sua casa, finalmente. Depois de um longo dia de apresentação no seu novo curso. Estaria sobrecarregado e cheio de preocupações. Em seus braços, estão três longos livros que juntos fazem um grande peso.
Já estava bem tarde e escuro. Ao abrir a porta de sua casa, ele nota o silêncio absoluto. E a escuridão, as luzes estariam todas apagadas.
Desliza seus dedos pelo interruptor e acende a luz. Para sua surpresa ele não estava sozinho.
Ali estava Lúcio, em pé, silencioso, encarando Rafael com um sorriso incrivelmente assustador. Carregando em seu colo está um filhote de lobo, com um lindo e liso pelo branco com cinza, e uma grande juba muito fofa.
— Ai meu Deus que susto cara! — Grita Rafael com seu coração a mil por hora.
— Gostou? — Fala apontando os olhos para o cachorro. — O nome dele é —Fenrir. — Ignora completamente o susto de Rafael.
— Você comprou um cachorro?
— Disse pra eu parar de me preocupar tanto, resolvi me ocupar com algo... — Fala não dando muita atenção enquanto solta o lobo no chão com cuidado.
O mesmo corre em direção a Rafael que ainda está com receio da situação. Mas quando o animalzinho vai para cima dele, rapidamente conquista o coração do garoto. Aquele lindo sorriso e o rabo balançando são mais do que o suficiente.
— Você vai cuidar de toda a bagunça que ele fizer. — Diz Rafael concordando, apenas pelo fato de Lúcio não ter se incomodado tanto com os garotos da faculdade, o que teria sido uma grande sorte. — E nada de trazer os seus escravos do inferno pra limpar a sua bagunça de novo, você sabe como eu fico quando estou tentando dormir e encontro aqueles caras me encarando.
— Tá bem...
•••
Thaís está fazendo sua ronda como qualquer outro dia comum. Ela é uma policial muito exemplar. Dona de uma pele macia e morena, cabelos longos e cacheados muito belos e lindos olhos castanhos.
Está passando por um beco com a sua viatura depois de um longo dia. Teria acabado de comprar um lanche para comer enquanto dirige, mas perde completamente o apetite quando vê aquela cena no beco.
Era o jovem que tentou assaltar Lúcio, ele estava caído no chão, sem forças e com suas roupas cobertas por sangue. O pavor em seus olhos era enorme, e em seu peito um grande arranhão, são três números que rasgam seu peito “666”.
— Ele é o diabo... — Sussurra o homem. — O Diabo!
Thaís rapidamente sai do carro para ajudar o homem enquanto comunica pelo seu rádio para o hospital sobre o homem.
— Vem, vem, eu vou te ajudar... — Diz ela se aproximando enquanto tenta raciocinar sobre a bizarra situação
•••
Um enorme barulho desperta Lúcio de seu sono com muita rapidez. O som era muito familiar. Era mais de meia noite, e ele estava muito cansado. Rafael felizmente não acordou.
Um símbolo pegando fogo está no carpete do quarto. Pelo fogo não se espalhar, e o símbolo ser um pentagrama, Lúcio já sabe do que se trata.
— Oi, pai... — Diz o garoto sorrindo.


CONTINUA...

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